Eu
estou aqui. Foi com esta frase plena de sentidos, com as mãos
nos meus ombros, com os olhos cravados na minha alma, que nos despedimos.
Nenhuma outra palavra a mais seria necessária, se não fosse pelo desespero da
minha língua em se pronunciar: o senhor é
um homem honrado. Os sorrisos cúmplices desta conexão inexplicável entre
dois universos que se encontraram nas histórias que não se contam, porque não
agradam, porque expõem a ponta mais fraca da imensa sequência de insensatez,
menos sintomática e mais identitária nos tempos atuais. A presença desaforada
da morte foi solenemente ignorada por nós dois: ele, por meter-lhe o dedo na
cara e dizer 'eu estou aqui'; eu por convivência cotidiana, dessas que nem mais
se dá 'bom dia'.