Percebeu aos poucos a generosidade da vida, em meio ao quase caos da vida cotidiana. Como uma linha refinada e paralela, suave como as grandes mudanças devem ser, como uma música intensa que começa com uma nota longa, bem longa, fermata. Percebeu com a calma e a força da maré que avança e retrai, alagando e deixando a descoberto a areia territorial das coisas e das distâncias que não se explicam. Percebeu que esta clareza a respeito das coisas era um paradoxo lúdico, desses que se revelam no silêncio do sono e do cansaço, e que despertam o riso inconveniente, desses que se revelam ao redimensionar as palavras, as coisas e as pessoas.
Vivi, vi, vindo e indo, daqui e dali, no realismo que é fantástico por natureza. Se eu vi a uva? E como vi! Uva popular de todas as feiras. Uva dos vinhos nas canecas dos antigos. Uva da vida, que dizem por aí que é a árvore primordial. Uva dúbia e direta, mandálica, urobórica, simbólica. Uva da abundância dos cachos, que se aprecia uma a uma. Uva doce e azeda. Uva que se vê. E quem não viu? A uva nossa de cada dia só não vê quem não quer.
domingo, 14 de outubro de 2012
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Criança
Gratidão à minha criança, minha maior mestra. Feliz daquele ser humano para quem ela olhar, pois tem coração digno. Bendito aquele para quem ela sorrir, pois se assemelham em natureza. Que a bondade acompanhe aquele para quem ela estender a mão. Que seja repleto de luz aquele que lhe retribuir a dignidade do trato, pois compartilharão a vida. Que nunca falte o benquerer e a abundância ao que caminhar ao seu lado. Ái daquele que a desprezar, pois será abandonado no valo onde jamais será pronunciado o seu nome. Ái do que lhe erguer a mão, pois conhecerá a ira. Ái do que lhe ferir, pois provará o fio da espada, que se apraz em reluzir na guerra. Eu estou aqui. Eu cuido de você. Não há o que temer.
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