Vivi, vi, vindo e indo, daqui e dali, no realismo que é fantástico por natureza. Se eu vi a uva? E como vi! Uva popular de todas as feiras. Uva dos vinhos nas canecas dos antigos. Uva da vida, que dizem por aí que é a árvore primordial. Uva dúbia e direta, mandálica, urobórica, simbólica. Uva da abundância dos cachos, que se aprecia uma a uma. Uva doce e azeda. Uva que se vê. E quem não viu? A uva nossa de cada dia só não vê quem não quer.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Natureba's boy
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Nascer de novo
sábado, 21 de agosto de 2010
Saudade
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Setenta por cento
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Brilho de faca
Durante muitos anos, Sr.Timorato Campos proibiu música em casa. Atribuía à música poderes hipnóticos que teriam levado Nelinha ao despautério de ir embora, fato que nunca entendeu, pois, afinal, Nelinha tinha o que toda mulher quer: um marido para cuidar e se submeter, uma casa para exercer seus dotes naturais femininos, comida, roupas condizentes com a posição de esposa, além do presente adicional que a vida proporcionou a ela como mulher: de ser ele um homem que cumpria religiosamente suas obrigações maritais oferecendo uma vez por mês, sexo de boa moral, com orações antes para pedir permissão, depois para pedir perdão, isento de delongas lascivas. O que mais ela poderia querer? Já aposentado, deu para ligar secretamente a velha televisão no horário da novela, e chorar calado ouvindo que há um brilho de faca, onde o amor vier, pois ninguém tem o mapa da alma da mulher, um ser maravilhoso, entre a serpente e a estrela.