A notícia, velha, passou como um vento novo, gélido em pleno verão. Não chegou a arrepiar, mas foi um toque no ombro, ou a voz que fez João em Patmos voltar-se, e, voltado, viu. E eu vi um pedaço do trabalho das Moiras, vi as figuras horrendas que me lembraram o corredor, e a ordem desunida e descadenciada: ‘siga’. As cicatrizes, eruditas, tortas e lindas, apregoam que estamos, com exatidão, no lugar e no momento da paz, ainda que as alcateias uivem à morte e à destruição. É pouco o que se pode fiar, medir e cortar: custa o sono da apreensão, reparado pela serenidade da impotência, pelo absurdo da intuição, e pelo voo no abismo, com asas imensas que só os bobos sabem usar.