sábado, 21 de agosto de 2010

Saudade

Antonella passou tempo demais da vida guiada por tudo o que era racional e seguro. Foi na música que os sentimentos vieram. Na música literalmente, 'na' sendo 'em'+'a', dentro da, dentro lá dentro mesmo, mergulhada, amalgamada na mágica dos acordes, dos sons, das letras, dos ritmos, dos timbres, coisas que ela jamais soube o nome, pois com a música a relação era de alma. Foi na música (na!) que ela sentiu saudade pela primeira vez, ou seja lá o que for o aperto manso que lhe tomava parte do coração, um pedaço do pescoço e, às vezes, metade dos músculos das pernas, e lhe acompanhava, como um cão fiel, o dia inteiro. Saudade inviável, fora de lugar, fora de época. Saudade da briga de amor que não causou, do beijo que não roubou, e pela palavra não dita, pelo brilho do olhar. Só uma palavra me devora...