segunda-feira, 22 de abril de 2013

Inominável

Querida tia Annita, lhe mando este bilhete pelo Edson, que deu na telha e resolveu viajar para se despedir deste alemão inominável, que aquele terremoto, nós sabemos, errou a mira. Sempre soubemos que boa coisa não poderia vir dali. Fico pensando se Edson viajou por puro deboche, ficar lá praça, com lenço branco, como quem mostra os pulsos e diz que já vai tarde, com o sorriso falso pelo motivo verdadeiro. É de se agradecer o velho Alê já esteja morto, enterrado e rezado para não ver este estado das coisas, para não ver este velho hipócrita e corrupto posar de santo. É de se agradecer o legado dos sentimentos passados, aos gritos, que envolveram o amor arqueometricamente estruturado nos colos, na dança dos seus olhos, aos pés da Virgo Praedicanda, tendo ao fundo o doce batuque dos tambores-coração.