sábado, 19 de setembro de 2009

Mato

O mato despertava nele os melhores sentimentos. Ficava mais solto, mais calmo, mais dono de si, ao adentrar, com reverência de filho, o lugar dos tatus, das corujas, dos buritis, onde o tempo e a luz fluem diferentes. Com emoção de unus mundus, cumprimentava a enorme barriguda, idosa e já sem espinhos, perto do curral antigo. Olhava sempre para uma clareira, onde pousava um tronco raiz, e imaginava-se de capa e chapéu bandeirante, ao cair da noite. Sabia da rudeza da terra e dos bichos, guardava o silêncio diante do fogo e mostrava pela água a gratidão que só o coração dos bravos é capaz de ter.