quarta-feira, 21 de abril de 2010

Planalto

Para ela, Brasília não é, nem nunca foi um planalto vazio. Também não é um qualquer lugar. Sagrada e profana, a cidade guarda histórias e segredos de vilas, aventuras, montes, rios, esquinas, cenas, motos, jornais, árvores, flores, bombas, cavalos, uniformes, bandeiras, fotos, calçadas, cigarras, amoras e amores. E se qualquer maneira de amar valia, valia o gosto pelo lugar de ser, pois nos sonhos, Brasília é a casa mater, matrix, mother. Casa acolhedora das ruas solitárias da madrugada. Espaço infinito solar e celular. Luzes que mostram o caminho no céu. Brasília antropométrica, toponímica, teosófica, antígena, última, metrectômica. Caminhos únicos de ida, de seguir em frente, abertos, generosos, sem querer virar estátua de sal. Mágica no invisível do cotidiano. Mata aberta e misteriosa, grama e capeta, secura e água, sol e frio: lapis exilis, lapis philosophorum. Cerratense de alma, quem lhe furtará o prazer?