sexta-feira, 1 de junho de 2012

Alvo

São mulheres de um branco meio sujo cinza, olhos buracos com a cegueira dos tempos, rotas de roupas e de ventres, andar de procissão maldita silenciosa, secas de pensamentos, corações inúteis, ritos que se repetem desde o início do tempo dos esquecimentos das almas e das vidas. Grito mudo para passar despercebido, não fosse o fato de que entregam suas crianças como alimento e caça, crianças já herdeiras do cinza, da cegueira, do andar, do inútil, como se não bastasse o dano às gerações, como se bastasse perpetuar, como se não bastasse a dor, como se bastasse não ouvir, não falar, um pé, o outro, uma mão, a outra, todas as duas. Por isso o alvo ser quem tem a guerra no sangue, mas quem tem o sangue na guerra tem a espada, a palavra, o punhal e o cavaleiro negro que viveu mistérios para cravar o golpe que devolve à terra o que é do seu mais legítimo assunto.