Ana aprendeu com Sebastiana umas rezas em língua estrangeira que parecia um murmúrio, quase um lamento vindo do coração. Vez ou outra aparecia com velas coloridas em casa, fitas e adereços, colocados com um gesto específico para cada santo e santa. O velho Alê fingia não ver, e proibiu que se contasse para o Padre Amedeo. Tio Luigi, logo tio Luigi, que recusava-se a aceitar o ‘nunca mais’, viu que Ana sabia sentir o gosto estranho da presença sombria e autoritária da morte, reconhecida anos mais tarde, tantas vezes, nos leitos dos moribundos. Também sabia sentir o cheiro da vida, e de longe sorria para as mulheres, antes mesmo da barriga crescer, cúmplices de alma. Ana, de botina e saião, na Husqvarna, com mandingas de Sebastiana, olhares de mulher e bigodes de carvão.