terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Chuva

Acaso a chuva tem pai? Se romperam as águas, não haverá inundação? Se romperam as águas, não houve inundação? Que alagamento se espera desta cheia, dessa invasão? As águas se romperam?Se romperam as águas? Quem sabe se chuva, vento, poeira e tortura têm pais, mães, sentidos? Alguns podem ter datas, endereços, documentos, títulos, condições. Mas pai? Não seria muita ingenuidade ter esses sentidos claramente rotos, frágeis e voláteis para o inefável? Não seria o degrau posterior, aquele das nuvens do nous, aquele indizível, escondido? Segredo que não se fala, é segredo escoado, ecoado pelos gritos das paredes. Acaso o segredo tem pai?