terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Rir e ter raiva

Ana reconheceu das antigas que essa sombra da ambiguidade era a loucura. Não uma loucura qualquer, mas a loucura do bonitinho, do limpinho, do sabidinho, e principalmente, a loucura do bonzinho. O disfarce mais batido, ainda vendido como necessário: o bonzinho que guarda em si o tenebroso, regado a álcool, disputa e traição. Isso sem mencionar as cenas mal atuadas de vitimização quase pueris, posto que encobertas com heroísmo barato e interesseiro. Para Ana era como olhar para uma criança com o rosto sujo de farinha negando que tivesse abocanhado o bolo. Dava para rir e ter raiva ao mesmo tempo. Ambiguidade loucura, sem síntese dos contrários, sem esperança de ter alguma saúde pela frente. De alma para alma, o anel de abelha, libélula e besouro foram símbolos necessários dada a gravidade da situação.